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Sexto presidente da Oi, Bava renuncia

 

08/10/2014 às 05h00

Valor Econômico - por Heloisa Magalhães e Ivone Santana | Do Rio e de São Paulo

Zeinal Bava renunciou ontem à noite à presidência da Oi, em processo de fusão com a Portugal Telecom. Em seu lugar assume, interinamente, Bayard Gontijo, diretor financeiro e de relações com investidores.

A saída de Bava não surpreende. Ele vinha negociando um pacote de benefícios, semelhante ao de Francisco Valim, seu antecessor. Na sexta-feira, mesmo sabendo que iria deixar a empresa, Bava falou, em apresentação aos executivos da Oi, sobre o futuro da Oi para os próximos 20 anos. A fala gerou desconforto e dividiu opiniões. Para alguns, foi uma mensagem otimista de despedida. Outros a julgaram inadequada.

Ele é o sexto presidente da Oi. A "fritura" do presidente também ocorreu com Manoel Horácio Silva, Luiz Falco e Francisco Valim. Este último foi informado pelo telefone ao chegar ao Brasil de férias no exterior. Fontes da Oi, na época, informaram que Valim bateu de frente com acionistas e com o próprio Bava, então presidente da PT, que entrava no capital da Oi.

Reconhecido na Europa como executivo de sucesso, Bava terá que enfrentar o desgaste em Portugal. Com trajetória na Inglaterra e Portugal, ele é alvo de severas críticas. Jornais portugueses dizem que a PT, que sempre foi um orgulho do país, acabou sendo prejudicada quando emprestou € 897 milhoes ao Grupo Espírito Santo (GES), em situação crítica e sem condições de honrar compromissos.

Bava assumiu a presidência da Oi em junho de 2013 como uma aposta dos controladores para erguer os negócios, levantar recursos e usar a confiança que tinha dos investidores para colocar a companhia em uma posição de destaque em um cenário competitivo.

Moçambicano, o executivo que vai completar 49 anos no dia 18 de outubro, teve uma trajetória rápida nos mercados da África e de Portugal. Iniciou suas funções no grupo português como diretor de finanças na área de TV por assinatura, em 1999. A partir daí subiu na carreira até se tornar presidente-executivo da PT Portugal em 2008, que acumulou com o comando da Oi até recentemente. Nesse meio tempo, desempenhou cargos nas empresas do grupo Oi.

Sua chegada à tele brasileira foi vista como um impulso positivo à companhia, que já nascera num clima controverso, de "superoperadora nacional", apoiada pelo governo e sob crítica acirrada do mercado. A imagem era negativa, e esperava-se que Bava pudesse dar uma polida. Deu certo por um período. O executivo esteve à frente do processo de fusão da Oi com a Portugal Telecom, ainda em curso. Liderou uma megaoferta pública de ações, em abril, com uma captação final bruta de R$ 13,96 bilhões.

Mas as coisas começaram a dar errado nesse acordo. A notícia de que a PT havia emprestado € 897 milhões ao GES, supostamente sem o conhecimento dos controladores da Oi ou de Bava, começou a criar um clima de descontentamento entre os investidores. Logo em seguida, o GES deu calote, e a confiança depositada no executivo começou a ser questionada.

As condições da fusão foram revistas e a participação da sócia portuguesa diminui na CorpCo, a nova empresa combinada. Os sócios controladores brasileiros também se afastaram do conselho da empresa. O descontentamento foi geral, no Brasil e em Portugal. O saldo foi uma dívida líquida de R$ 46,2 bilhões para a Oi.

E foi justamente o fato de manter um pé em cada barco - um da Oi e outro da Portugal Telecom - simultaneamente que tirou o equilíbrio do executivo. Parte do mercado não acreditou que Bava desconhecesse o investimento desastrado no GES, enquanto outra parte considerou que mesmo que não soubesse do investimento, o que consideravam improvável, isso não o isentaria. Ao contrário, apenas provaria que mantivera um cargo na empresa portuguesa sem zelar por ele, com os fatos acontecendo à sua revelia. No fim das contas, não conseguira cuidar adequadamente dos interesses de nenhuma das empresas, e isso o mercado não perdoou.

Ultimamente, sopravam mais fortes os ventos desfavoráveis com os rumos da Oi. Ativos da sócia portuguesa já haviam sido colocados à venda na África e, mais recentemente, as notícias, não confirmadas pela Oi, eram de que seriam vendidos os ativos da sócia em Portugal. A perda da confiança dos investidores e do mercado como um todo foi crucial para esse desfecho.

 

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