15/07/2014 às 05h00
Valor Econômico - por Ana Paula Ragazzi | Do Rio
Já se passaram quatro meses desde que a gestora de recursos Gávea e a rede de laboratórios Fleury anunciaram que estavam em negociações sem que até o momento fechassem negócio.
Apesar de a demora poder levar alguns no mercado a avaliar a possibilidade de que a operação não seja fechada, o Valor apurou que os médicos acionistas do Fleury e o Gávea já chegaram a um acordo de preço para a venda da participação. O que está em discussão, agora, é como ficará o comando e a participação de cada sócio na nova empresa, uma vez que o Gávea deseja unir a rede Fleury ao laboratório mineiro Hermes Pardini, outro investimento do fundo na área de saúde, feito há quase três anos. Apesar de ainda indefinidas, as negociações caminham para a fase final.
Os médicos, agrupados na Core, em reunião no mês passado, aceitaram vender sua fatia no Fleury para o Gávea por um valor ao redor dos R$ 18,50 a ação, apurou o Valor. Esse preço está acima da cotação atual em bolsa, que ontem fechou em R$ 16, mas bastante próximo do patamar em que as ações estavam quando as conversas foram iniciadas, em março.
Os médicos possuem, através de participações diretas e indiretas, 41,3% do Fleury, o que dá a eles o controle da empresa. A operação prevê o pagamento de "tag along" (prêmio de controle) a todos os acionistas.
A Bradesco Seguros, que tem um acordo de acionistas assinado com os médicos, tem fatia relevante na empresa, de cerca de 16%, também em participações diretas e indiretas. Sempre houve a dúvida se a Bradesco Seguros permaneceria no negócio ou venderia sua participação. No momento, as negociações indicam que a sócia deverá continuar na nova empresa; a Bradesco Seguros estaria, inclusive, examinando os números do Pardini.
No entanto, se há alguns meses as discussões esquentaram em função do preço, agora a costura necessária é a da convivência entre tantos novos sócios ou sobre como será a estrutura de comando da empresa.
Como a intenção do Gávea é unir as operações do Fleury com o Pardini, os acionistas do laboratório mineiro entraram nas discussões para entender qual peso terão na nova empresa a ser criada. Eles querem ter certeza de que a operação não será engolida pela estrutura do Fleury. As preocupações, no Fleury, são sobre como se dará a integração dos dois negócios, com perfis diferentes. Outra questão que precisa ser acertada de saída é qual será a participação da Bradesco Seguros nas decisões da empresa e como será atuar ao lado do Gávea, que costuma comprar fatias minoritárias dos negócios. Procurados pelo Valor, Fleury, Hermes Pardini, Gávea e Bradesco Seguros não atenderam aos pedidos de entrevista.
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