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Empresas preferem rodízio de auditor ao custo de um comitê

O rodízio de firmas de auditoria para empresas de capital aberto continua polêmico mesmo com a flexibilização da regra para empresas que já tiverem ou instituírem comitê de auditoria estatutário. A explicação está no fato de que grande parte das companhias não pretende instalar comitês internos, conforme aponta levantamento realizado pela Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca).

A pesquisa indica que 54% das empresas associadas (são mais de 200) não planejam contar com esse comitê e outras 34% ainda não decidiram. Isso as obriga a promover o rodízio de auditores independentes a cada cinco anos, segundo determinação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Em contrapartida, outros 8%, de um total de 61 companhias que participaram da pesquisa, manifestaram interesse em instalar comitê de auditoria previsto no estatuto social. Para esta parcela, o rodízio poderá ser realizado de 10 em 10 anos, de acordo com a Instrução nº 509 do órgão regulador brasileiro. “As empresas sempre colocarão na balança os custos de instituir umcomitê de auditoria estatutário”, afirma Antonio Castro, presidente da Abrasca.

Apesar de o percentual de empresas que rejeitam a instalação de comitê de auditoria ser alto, Castro acredita que tende a cair à medida que o assunto for melhor discutido pelomercado. “É bem provável que na próxima pesquisa realizada pela Abrasca sobre o assunto, em seis meses, esse percentual tenha caído”, completa Castro.

O argumento das companhias é que as funções exercidas pelos membros que compõem um comitê de auditoria, muitas vezes, se sobrepõem à atuação do conselho fiscal — embora o primeiro seja umórgão de assessoramento vinculado diretamente ao conselho de administração. “O modelo ideal dependerá da composição acionária de cada companhia”, ressalta, citando como exemplo as empresas que têm fundos de pensão como acionistas de grande representatividade. “Os investidores institucionais geralmente preferem que a companhia instale conselho fiscal, uma vez que podem participar das decisões tomadas pelo órgão.”

Marcelo Trindade, sócio do Trindade Sociedade de Advogados e ex-presidente da CVM, é adicto do comitê de auditoria. “Fui membro do comitê de auditoria da BM&FBovespa por três anos e nos reuníamos, pelo menos, duas vezes por mês”, lembra, admitindo que o assunto é polêmico, porém o resultado é bastante benéfico ao mercado.

Para o executivo, os custos de se instalar umcomitê de auditoria estatutário levarão algumas empresas a pensar no assunto. “Isso é uma pena porque os benefícios superam, e muito, os custos. Ainda assim acredito que o comitê de auditoria veio para ficar”, ressalta.

Gilberto Mifano, presidente do conselho de administração do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) diz que aproximadamente 33% de um universo de 346 companhias têm comitê de auditoria, mesmo que não necessariamente estabelecidos no estatuto.

“Os comitês têm que existir de fato. Pela convicção de que ajudarão o conselho de administração. Por isso a proatividade dos membros que os compõem é fundamental”, aponta Mifano.

Outro ponto defendido pelo especialista é que os membros sejam independentes, cuja coordenação fique a cargo de um membro do conselho de administração também independente.

 

Matéria publicada pelo Brasil Econômico em 01/02/2012. www.brasileconomico.com.br

 

 


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