Transparência e Governança

O termo de compromisso da Deloitte aceito pela CVM com relação a contabilidade das transações de derivativos da Aracruz, a despeito de ser um passo na direção de aumentar o escrutínio e a responsabilização daqueles envolvidos em irregularidades, não atinge plenamente as necessidades de reparação e pode não ser suficiente pra inibir a repetição dessas práticas no futuro. Embora o valor de R$1 milhão possa parecer uma quantia razoável, é irrisória comparada aos prejuízos causados na companhia e ao seus acionistas minoritários.

O termo de compromisso não é uma admissão de culpa, e ainda termina todos os trâmites investigativos perante a autarquia. Os prejuízos anunciados em 2/10/08 foram de R$1,95 bilhão – ou seja, o termo de compromisso é o equivalente a 0,05%! A destruição de valor das ações preferenciais de Aracruz foi ainda maior. Em 25/9/08 estavam cotadas em R$8,42, mas em 1/12/08 valiam somente R$1,77.

Os acionistas preferencialistas perderam R$3,84 bilhões em valor de mercado. Ou seja, o termo de compromisso da Deloitte é o equivalente a 0,03% da perda. Além disso, R$1 milhão é pouco relativo ao faturamento da Deloitte no Brasil, significativamente inferior ate mesmo aos R$ 1,7 milhão recebidos pela companhia da própria Aracruz pelos serviços de auditoria em 2008 e não deve servir nem como punição financeira, nem como desincentivo de práticas similares. Os minoritários dependiam da adequada divulgação das informações financeiras para entender os riscos que a companhia estava correndo em suas transações com derivativos e esse termo de compromisso não repara o dano causado.

Veja aqui o fato relevante enviado pela Aracruz para o mercado informando sobre a perda com os derivativos.