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Atacar endividamento da Oi é prioridade, diz presidente interino

 

10/10/2014 às 05h00

Valor Econômico - por Heloisa Magalhães e Ana Paula Ragazzi | Do Rio

"Seremos protagonistas do processo de consolidação [das teles] no Brasil. Pro- ta- go- nis- tas." A frase é repetida insistentemente por Bayard De Paoli Gontijo, presidente interino da Oi, durante cerca de 20 minutos de conversa com o Valor.

Segundo Bayard, "atacar o endividamento é prioridade". "A companhia está alavancada, sim. Vamos combater isso com corte de custos, controle de Capex e venda de ativos, buscando produzir retornos de curto prazo", afirmou. Admite que o endividamento é alto, mas frisa que a empresa possui hoje ativos valiosos que podem ser vendidos.

A entrevista aconteceu no fim da tarde de ontem após ele ter feito apresentação, por teleconferência, a 140 executivos da companhia, sobre a estratégia que pretende seguir.

Bayard, como é conhecido no setor, passou pelo HSBC, Bamerindus e a área financeira da Net Serviços. Está há 11 anos na tele e assume o comando acumulando a cadeira de diretor financeiro.

Para o mercado, o recado está dado: diante do perfil do executivo escolhido para o posto, a Oi perseguirá o equacionamento financeiro e a consolidação.

Na Oi, mudanças rapidamente acontecem, mas a sinalização agora é de que os acionistas controladores não têm pressa de buscar um executivo no mercado para ocupar a presidência. Ontem, os conselhos de administração da Telemar Participações e da Oi S.A, divulgaram nota manifestando " integral apoio ao trabalho de Bayard como CEO da Oi". E registraram: Bayard foi escolhido para liderar a companhia nos desafios que estão postos neste momento para a empresa: realizar a transição da Oi para o Novo Mercado, reduzir o endividamento e continuar crescendo".

Batendo na tecla da Oi "protagonizar" o processo de consolidação no Brasil, Bayard disse que o banco BTG Pactual, contratado pela empresa para assessorá-la, tem como responsabilidade apresentar um plano estruturado para consolidação e que seja viável do ponto de vista de funding. O BTG investiu R$ 610 milhões na Oi na oferta pública de abril passado.

"O banco está trabalhando num plano que pode passar pela venda de ativos da Oi, de outra empresa que for consolidada e também da Portugal Telecom", afirmou. Ele esclareceu que a empresa já divulgou que os ativos da PT na África estão à venda e acrescentou que existem em Portugal ativos como torres móveis, fixas, cabos submarinos, que também podem ser monetizados por lá. A Oi já vendeu esse tipo de ativo no Brasil.

"Sem a Oi o processo de consolidação no Brasil não acontece", afirmou Bayard.

Questionado sobre se a empresa pode vender tantos ativos da Portugal Telecom que a operação de fusão anunciada no ano passado acabe - questão apontada por minoritários brasileiros da Oi, que reclamavam que a fusão apenas equacionava as dívidas dos controladores da Oi -, Bayard afirmou que, ao final do processo, o que vai ficar é que a companhia fez "o que devia ser feito":

"Os acionistas vão vender o que entendam ser necessário para a consolidação no Brasil", disse Gontijo. "Percebemos hoje que o desejo do mercado é que a Oi participe da consolidação no país, um processo muito importante para a empresa. Por isso estamos engajados para promover a consolidação", afirmou.

A Oi solicitou ontem à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) um aval para negociar ações privadamente e manter quantidade de ações em tesouraria em percentual acima do permitido pela norma. Isso foi necessário por conta da renegociação da fusão com a PT, que ficou com uma fatia menor na nova companhia pois levou um calote de € 897 milhões do Grupo Espírito Santo (GES), seu acionista, abrindo um rombo no caixa da Oi. O pedido à CVM aconteceu um mês depois de os acionistas portugueses terem concordado com os termos da renegociação.

Gontijo disse que não houve demora no andamento da fusão.

"Fizemos tudo com a maior celeridade possível", afirmou. Por conta dos problemas da Rioforte, a concretização da fusão, que colocará a Oi no Novo Mercado, atrasou e deverá ficar para o primeiro trimestre de 2015.

Questionado se a Oi consegue hoje garantir que fará a conversão de ações preferenciais em ordinárias e a adesão ao principal segmento de governança corporativa da BM&FBOvespa, mesmo estando num processo de negociação que poderá resultar na entrada de um novo sócio, Gontijo disse que essa análise entra numa "esfera de hipóteses".

"O que eu posso dizer é que a Oi vai perseguir o Novo Mercado. Estamos avaliando todas as alternativas que nos garantam que o processo aconteça", diz.

Zeinal Bava, que deixou o comando da Oi nesta semana, trouxe de Portugal vários executivos, sendo que seis deles fazem parte do grupo de 16 vinculados à presidência. "Os competentes serão mantidos, seja qual for "nacionalidade, cor ou credo", disse em tom de brincadeira, afastando especulações de que mais portugueses deixariam a Oi.

"Temos uma equipe qualificada. Já superamos diversos desafios desde a privatização. E superamos os desafios com gente", disse.

Ele tem o apoio dos acionistas, que na nota divulgada ontem, apontaram Bayard como "um executivo extremamente capaz".

"Deu provas disso à frente da diretoria de finanças e relações com investidores e em inúmeras ocasiões ao longo dos 11 anos de relevante carreira na Oi. Profundo conhecedor da Oi e do mercado de telecomunicações, ele tem uma trajetória profissional que nos deixa seguros da escolha e nos dá a certeza de que será bem-sucedido nessa missão que lhe foi confiada com nosso integral apoio", afirmaram os controladores, em nota.

 

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