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notícias Controladores da Oi querem trocar CEO e convidam fundador da GVT


Controladores da Oi querem trocar CEO e convidam fundador da GVT

 

07/10/2014 às 05h00

Valor Econômico - por Graziella Valenti | De São Paulo

Amos Genish, fundador da GVT, que acaba de ser adquirida pelo grupo Telefónica, é o candidato favorito dos acionistas brasileiros do controle da Oi para conduzir a companhia. A depender deles, o futuro de Genish estaria decidido.

O Valor apurou que o convite já foi feito ao executivo e empreendedor, de origem israelense.

Os sócios nacionais do controle da Oi, Andrade Gutierrez e grupo La Fonte, perderam a segurança na manutenção de Zeinal Bava à frente da empresa. A ideia seria trocar o executivo até o fim deste ano ou, no máximo, até a finalização da reestruturação, que culminará com a migração da operadora ao Novo Mercado e a dispersão de seu controle acionário em bolsa.

Apesar de a companhia não ter mais acordo de acionistas, os sócios originais do controle da Oi terão fatia do capital total próxima ao que possuem hoje, 19%. Serão, com isso, o maior grupo, incluindo o fundo Caravelas, do BTG Pactual.

Bava deixou a presidência da Portugal Telecom (PT) para assumir a operadora brasileira em meados do ano passado e é considerado "o grande mentor" da fusão das duas empresas.

Dentro da própria Oi, já correm os rumores sobre sua delicada situação. Nos corredores da operadora, há comentários de que Bava possa ficar até 11 de novembro.

O mal-estar dos acionistas brasileiros com Bava foi causado pelo rombo de quase R$ 3 bilhões deixado pelos "commercial papers" adquiridos pela PT no começo do ano da Rioforte, holding do Grupo Espírito Santo. A empresa, da família portuguesa dona do Banco Espírito Santo (BES), não pagou os títulos, após seu vencimento. A informação sobre a aplicação e seu risco só foi conhecida em junho - inclusive pelos sócios nacionais.

Apesar de Bava negar, os donos brasileiros se perguntam ainda hoje se ele de fato não tinha conhecimento da transação financeira, que acabou por levar à queda de Henrique Granadeiro, presidente, e Luis Pacheco de Mello, vice-presidente financeiro da PT, e à mudança nos termos da fusão - até na tentativa de preservar a Oi.

O movimento de troca na gestão teria à frente Otávio Azevedo, do Grupo Andrade Gutierrez, e o BTG Pactual.

Bava esteve à frente de uma megaoferta pública de ações neste ano. A Oi levantou R$ 8,2 bilhões com a emissão de novas ações em abril - a parcela em dinheiro do aumento de capital de R$ 14 bilhões, que também trouxe a PT para dentro da Oi.

A colocação de ações expôs o executivo. Ele conduziu pessoalmente a captação e emprestou seu nome à operação.

Conforme o Valor apurou, ao mesmo tempo que os brasileiros perderam a segurança em Bava, também tentam dar suporte interno para que conduza a gestão da melhor forma possível enquanto termina a reestruturação.

A opção pela substituição de Bava vem justamente da avaliação de que se a Oi necessitasse novamente ir ao mercado buscar recursos, seu nome não mais ajudaria.

Conforme o Valor apurou, não será fácil para a Oi atrair nomes de peso, que possam contribuir na retomada de sua credibilidade. Os acionistas da companhia terão de garantir compromisso, o que significa disposição de colocar mais capital, se necessário for, e a permanência necessária ao tempo de recuperação, estimado entre três e cinco anos, no mínimo.

Não há informações sobre se Amos aceitaria tocar a Oi. Ele acaba de concluir a segunda venda da GVT - desta vez da Vivendi, dona da tele desde 2009, para a Telefónica, por R$ 21,5 bilhões.

É sabido que o executivo se comprometeu com a Telefónica a permanecer à frente da GVT, pelo menos, até o fechamento do negócio. A expectativa é que a transação seja finalizada nos próximos meses ou, no máximo, até o fim do primeiro trimestre de 2015.

Genish também tem convite da Telefónica, para ficar no grupo, e de Vincent Bolloré, presidente do conselho de administração da Vivendi, para conduzir, de Paris, novas empreitadas.

O nome de Genish, na visão de analistas, teria impacto positivo sobre a Oi. As habilidades destacadas são o controle de custos, as estratégias para ambientes competitivos e o sucesso na venda da GVT duas vezes, ambas com processos concorridos. Num cenário em que não haja sucesso na pretendida fusão com a TIM, a Oi deve tornar-se um alvo de consolidação.

Na oferta da Oi, Bava se comprometeu com um projeto que a colocava como consolidadora. Na ocasião, já se falava da compra da TIM Brasil, liderada pela Oi, e com a apoio de Telefônica Vivo e Claro.

O rombo de R$ 3 bilhões abalou as finanças da Oi, que teve as notas de crédito cortadas. Com a perda, quase toda oferta de ações foi consumida em compromissos de sócios. Afinal, R$ 4,5 bilhões compensaram a dívida dos controladores brasileiros, transferida à Oi, e cerca de R$ 3 bilhões foram dragados pela Rioforte. A dívida líquida da Oi hoje é de R$ 47 bilhões.

Esta não é a primeira fusão frustrada da operadora, já chamada de "campeã nacional" do setor. A união com a Brasil Telecom também não gerou a riqueza esperada. Logo após seu anúncio, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortizações (Ebitda) somado das teles era de R$ 12 bilhões, com promessa de R$ 1 bilhão em sinergia. Em 2013, o Ebitda recorrente da Oi foi de R$ 7,6 bilhões.

 

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