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Operação da Portugal Telecom com o BES é investigada pela CMVM

 

30/06/2014 às 05h00

Valor Econômico - por Ana Paula Ragazzi | Do Rio

Em meio ao processo de fusão com a tele brasileira Oi, a Portugal Telecom aplicou € 900 milhões de seu caixa em títulos de dívida de curto prazo da Rio Forte, uma das holdings do Grupo Espírito Santo e que passa por dificuldades financeiras. A operação é entre parte relacionadas, uma vez que o Grupo Espírito Santo é um dos maiores acionistas da tele portuguesa, com 10% do capital. Nada sobre essa operação foi divulgado pela empresa, nem aos reguladores nem no prospecto da oferta bilionária de ações realizada pela Oi em abril.

A operação foi noticiada na sexta-feira pelo site português "Expresso" e é investigada pela CMVM, regulador do mercado local, que verifica se houve algum favorecimento a acionistas. As ações da Portugal Telecom caíram 5,64% em Lisboa e, de acordo com alguns analistas, a notícia influenciou a queda de 5% das ações da Oi no Brasil. Depois da capitalização, a Portugal Telecom transformou-se no maior acionista individual da Oi, com 32%. As teles brasileira e portuguesa estão em processo de fusão, que resultará numa companhia sem controlador definido.

A Portugal Telecom informou que o grupo, no processo de fusão, entrou em contato com seus credores. Nas mãos deles existe uma "obrigação conversível" com vencimento em agosto. Foi proposto a eles encerrar essa operação antes do vencimento, o que não foi aceito. A Portugal Telecom então decidiu aplicar o dinheiro por meio do Banco Espírito Santo (BES) para não ter que transferi-lo ao Brasil, o que traria custos de expatriação e repatriação do capital.

No entanto, em vez de aplicar os € 900 milhões em papéis de pouco risco, para preservar seu caixa, optou por uma aplicação de três meses no título da Rio Forte que aparentemente é de risco elevado. A justificativa da empresa era de que a sua tesouraria enxergou a operação como de taxas atrativas e já havia tido outros bons retornos com investimentos no BES. O Valor apurou que a tele portuguesa afirmou a interlocutores que o rendimento da operação é superior a 10% ao ano. Segundo uma fonte, um retorno nesse patamar só pode ser oferecido por uma empresa em dificuldades, e o risco dessa operação tende a ser muito elevado, pois as taxas de juros internacionais de curto prazo estão em torno de 1%. Por essa análise, a chance de a Portugal Telecom perder dinheiro com a operação seria alto.

Informações veiculadas pela imprensa portuguesa afirmam que a Portugal Telecom teria inicialmente comprado € 900 milhões em papéis comerciais da Espírito Santo Internacional e, em abril, trocou essa aplicação para a Rio Forte. Essas duas empresas são do Grupo Espírito Santo e estão com problemas financeiros. A Espírito Santo Internacional estaria, inclusive, perto da falência. E a Rio Forte tem endividamento elevado, prepara uma operação de aumento de capital e também a venda de ativos em Portugal e na América Latina.

A Portugal Telecom negou favorecimento ao grupo Espírito Santo e também conflito de interesses, dizendo que se tratou de uma operação de tesouraria, definida pelo melhor retorno. Reforçou que a operação foi realizada antes de 28 de abril, quando a tele portuguesa aportou os ativos na Oi, no âmbito da fusão.

 

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