Folha de S. Paulo
07 de dezembro de 2012
Em texto sobre a economia brasileira, 'The Economist' sugere demissão de Mantega
DE SÃO PAULO
Apenas dois anos atrás, quando Dilma Rousseff foi eleita presidente do Brasil, a economia do país vivia um boom. Ficou paralisada e agora luta para se recuperar.
Apesar do crescente esforço de estímulo do governo, a "criatura moribunda" cresceu apenas 0,6% no terceiro trimestre, metade do previsto pelo ministro Guido Mantega (Fazenda).
A descrição acima é da revista britânica "The Economist" em editorial sobre a perda de confiança na atual equipe econômica do governo. No texto, a publicação sugere a demissão de Mantega como uma alternativa para Dilma retomar a confiança dos investidores e alcançar um segundo mandato.
Fatores como a desaceleração nos preços das commodities e o endividamento das famílias são citados como ameaças à atividade econômica do país.
O termo "custo Brasil" também é usado para explicar porque o governo precisará contar com um esforço maior do lado da oferta --não do consumo-- para garantir o crescimento nos próximos anos, com mais investimento e aumento de produtividade.
Apesar de iniciativas como redução dos juros e desoneração da folha de pagamentos, a taxa de investimento vem caindo nos últimos trimestres e representa hoje 18,7% do PIB, ante 30% no Peru e 27% no Chile, lembra a revista.
A avaliação da revista é que a intromissão do governo sobre quanto deve ser a taxa de retorno em negócios como bancos e elétricas gerou desconfiança entre os investidores. "Até mais que o antecessor, Luz Inácio Lula da Silva, Rousseff parece crer que o Estado deve direcionar as decisões de investimento privado".
Diante do quadro apresentado no texto, a sugestão final é de que o Banco Central errará se decidir por mais um corte na taxa de juros e que o governo deve focar na redução de custos deixando livre o "espírito animal" do investimento privado.
A revista vai mais longe. Indica a Dilma que prove ser pragmática como diz ser demitindo o ministro Mantega. "Ela insiste que é pragmática. Se assim for, ela deveria demitir o Mantega, cujas projeções superotimistas provocaram uma perda de confiança nos investidores, e nomear uma nova equipe econômica capaz de reconquistar a confiança para negócios".
"A esperança da senhora Rousseff parece estar ligada à hipótese de que o pleno emprego e o avanço real da renda serão suficientes para garantir um segundo mandato em 2014. Isso dependerá da renovação do crescimento", afirma.
Para embasar a tese do desempenho econômico como ponto crucial para a reeleição, a revista lembra seus antecessores.
"Lula conseguiu um segundo mandato porque suas medidas tiraram milhões da pobreza. O eleitorado garantiu, de igual forma, a reeleição a Fernando Henrique Cardoso porque ele combateu a inflação. E a senhora Rousseff? Eleitores podem julgar que na tentativa de equilibrar tantas bolas "econômicas", ela deixou cair a maioria delas"
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http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1197168-em-texto-sobre-a-economia-brasileira-the-economist-sugere-demissao-de-mantega.shtml
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