Transparência e Governança

Em seu último julgamento como diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o relator do processo administrativo que apurou operações de “insider trading” com ações da Sadia, Eli Loria, teve ontem uma voz dissonante. Foi o único de quatro votos que pediu absolvição de 11 acusados de operar irregularmente com papéis da companhia antes da divulgação ao mercado sobre o risco corrido com as operações de derivativos cambiais, que acabaram levando a Sadia a perdas de cerca de R$ 2,5 bilhões.

A autarquia multou dez acusados em quase R$ 5 milhões por terem vendido ações da companhia antes da divulgação das informações, para evitar prejuízos que, somados, ultrapassariam os R$ 2 milhões. Houve apenas uma absolvição, esta sim unânime, de Nanci Lúcia Panzera Forner. O ex-gerente de tesouraria da Sadia Daniel Antunes de Azevedo foi multado em R$ 200 mil. Ele já havia tido dois pedidos de acordo recusados pela autarquia. Apesar de o prejuízo evitado com a operação ter sido baixo, de pouco mais de R$ 2 mil, o diretor da CVM Otavio Yazbek entendeu que ele “não poderia ter negociado com as ações naquele período” e que, por isso, o baixo valor envolvido “não comove”.

Para o diretor da autarquia, ficou claro que Azevedo tinha conhecimento do desenquadramento das operações de derivativos da companhia. O diretor Alexsandro Broedel e a presidente da CVM, Maria Helena Santana, acompanharam todos os votos de Yazbek. Hugo Saito, então diretor da corretora Concórdia, foi multado em R$ 300 mil. Ele foi acusado de ser o responsável pela venda das ações em nome do ex-fornecedor da Sadia Alberto Zuzzi e de dois clubes de investimentos, chamados de Clube Primoinvests e Family Trust. Estes três também foram multados, em R$ R$ 280,9 mil, R$ 112,4 mil e R$ 32 mil, respectivamente.

Notícia publicada pelo Valor Econômico em 14/12/11. Para ler a íntegra, acesse o site do jornal:

http://www.valor.com.br/impresso/eu-investimentos/cvm-multa-11-acusados-de-insider-no-caso-sadia